domingo, 13 de junho de 2010

Monólogo

Deus, sábios são os mortos?
Deus, e os sábios vivos?
Isso, aqueles que não conhecem a Morte.
Como podem ser sábios se não conhecem a Morte,
mas apenas a Vida?

Se a Vida não é Tudo,
como podem saber de Tudo os que não sabem de Tudo?
Deus, não é justo que caminhemos para o fim da Vida.
Por que esse maldito empréstimo?
Por que tamanha dificuldade pra Nada?
Por que não tornas isso Tudo apenas em um grande Nada?
Por que nos ilude com hipóteses,
se a única verdade é a Morte?

Deus, se o amor não é Tudo,
pra que senti-lo?
Não é mais justo sentir Tudo que é Tudo sem desperdiçar Nada?
Se a Vida não é Tudo,
o amor o é menos ainda.

Deus se os sentimentos são menores que a Vida,
por que nos deste tantos prazeres,
tantas dores e tantas saudades?
Deus, se a Vida é menor que a Morte, por que a Vida e não logo a Morte?
Por que nos concede o morno e não o quente?
Por que não o êxtase?

Deus, às vezes tenho medo de que não nos reconheça mais.
Talvez seja isso?
Estamos muito diferentes do que você quis?
Somos o que pensaste?
Foi tudo como planejado?
Como podemos ajudar?
Desculpe qualquer coisa!

Deus, por favor,
perdoe-nos por algumas desconfianças e medo.
Mas a Vida é tão complexa que pra mim já seria suficientemente Tudo.
A Vida é tão Tudo,
mesmo sendo apenas parte do Tudo e outra parte do Nada.

Deus, eu não pedi pra nascer,
mas peço pra não morrer,
pois tenho medo que a Morte seja insuportavelmente Tudo
e que tudo que eu tenha vivido seja um verdadeiro Nada.

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