sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A GLOBALIZAÇÃO DA FRAGMENTAÇÃO

O neoliberalismo, que seria o rosto mais perverso do todo poderoso capitalismo, não se fixou. O sistema que globaliza mercados e culturas não se organizou e está começando a dar sinais de amadorismo, mostrando sua verdadeira face em vários momentos, coisa que a história já mostrou que não é aconselhável.

A Europa, agora com sua união mais desunida de todos os tempos, começa a mostrar que toda a fantasia harmoniosa que forma a comunidade européia é apenas fachada. A Inglaterra, com Gordon Brown e seu novo governo trabalhista, continua com seus desejos de combater o que se tenta chamar de “Grande Império Europeu”, ratificando-se como eterna ponte entre os E.U.A e a Europa. Do outro lado do canal, o novo chefe francês, Nicolas Sarkozy, já toma decisões protecionistas, visando defender o emprego dos franceses contra a globalização liberal, desestabilizando o euro e entrando em choque com o carro-chefe da UE, a Alemanha.
Angela Merkel, primeira-ministra alemã quer o euro cada vez mais forte e começa uma integração econômica cada vez maior com a Rússia, de certa forma se distanciando do poderio britânico e criando tensões com a França. Sarkozy por sua vez, já fala em um novo bloco aliado a países norte-africanos e a Turquia, sob sua liderança. A Europa não está globalizada, como o mundo também não está, a fragmentação é o que há de mais real nesse momento da história mundial, portanto não é apenas na Europa.

Como não falar de um dos continentes mais complexos e extremos do mundo, a América Latina? Talvez o continente mais despolitizado do planeta e ao mesmo tempo um dos mais revolucionários também. Essa complexidade que nos cerca aqui embaixo está evidente nesse novo processo que está em andamento desde a virada do século. O neoliberalismo está sendo tão desgastante, através do seu genocídio silencioso, que o novo socialismo, ou o pós-neoliberalismo (não se sabe ainda), está rapidamente tomando as cabeças latino americanas nos principais países.

A permissão que os povos como os da Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua, deram aos seus novos governantes, foi de grande coragem e uma determinante resposta ao imperialismo estadunidense. Essas pessoas simplesmente decidiram que o país pertence ao povo e não a empresas de nomes estranhos e sem rosto. As reformas sociais, a mudança no cotidiano das pessoas, o sentimento de uma verdadeira solidariedade entre nações, passou por cima de todas as leis de mercado e necessidades consumistas, pelo menos entre os mais pobres. É de extrema importância ratificar e ressaltar o nosso continente dentro do quadro mundial, principalmente por esse novo pensamento está sendo contagiado para novos países e nações. A unificação da América Latina a torna fragmentada do resto do mundo e da América do Norte.

Não podemos deixar de falar sobre complexidade, sem falar do continente asiático. A efervescência econômica que vigora do outro lado do mundo é extremamente prejudicial a qualquer tentativa de progresso social em grande escala. Tudo que foi conquistado na China para o povo, está sendo devolvido de forma despótica para o desenvolvimento econômico, que não pode parar. A China cresce em parceria com os E.U.A, sem ele nada funciona no país de Mao. A dependência econômica mútua entre esses dois países elimina qualquer ameaça de conflito militar num futuro próximo, transformando a Ásia num continente indiscutivelmente capitalista. O Japão, representante estadunidense na localidade, funciona muito semelhante à Inglaterra, carregando as outras potências emergentes nas costas e defendendo com unhas e dentes a soberania imperialista americana.

Portanto, não estamos falando de um bloco mundial globalizado, e sim, de vários blocos heterogêneos ao redor do planeta. Isto não é novo, pelo contrário, sempre existiu em todos os períodos da história, porém sempre serviu como uma projeção de novos conflitos entre grandes países. O mundo está se desenhando novamente para esse novo velho quadro.




Felipe Liberal é Professor de História e Cientista Político

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