quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Histórias e Máscaras

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No século XVI, o médico e demonólogo holandês, Johann Wier, registrou que 7.409.127 diabos estavam à solta no planeta Terra. Creio eu, que esse número tenha crescido verticalmente de quinhentos anos pra cá. Já na ala do bem, pouco mais de 10.000 santos figuram nos livros empoeirados do Vaticano e mais algumas centenas de “santos populares” moram nas férteis mentes mundo afora. Mas quem é santo ou demônio? Olhando para o ontem e o hoje, o bem e o mal se misturam numa grande sopa de sangue, intrigas e mentiras.


 Caros leitores, aqui vão alguns episódios do passado e presente que se entrelaçam, como se o tempo fosse um verdadeiro “nada”:


 - Durante o período da escravidão nas Américas, negro e diabo eram a mesma coisa. As mulheres negras do Caribe usavam uma pasta feita de um arbusto chamado Guao, para queimarem a pele e limpar da “cor suja”, branqueando-a. Um absurdo. / No fim de 2008, a revista norte-americana Ebony (especialista no público afro-americano) publicou fotos de 170 mulheres negras, mas nenhuma tinha cabelo crespo. E logo adiante na última página, uma frase em um bom tom maiúsculo AFRICAN PRIDE (Orgulho Africano): é o nome de um xampu alisante que “estica melhor que todos os outros”. Logo abaixo da página 31, vinte seis variedades de cremes branqueadores de pele para “você sair da mesmice do dia-a-dia”. Um absurdo.


 - Toussaint Louverture, negro, escravo e haitiano que viveu no século XIX. Lutou e deu seu sangue contra os exércitos de Napoleão Bonaparte no Haiti, defendendo a liberdade dos escravos. Foi chamado de traidor e de filho do demônio pela Igreja Católica e Protestante / Pierre Toussaint, negro, escravo e haitiano que viveu no século XIX. Rastejou por toda a vida aos pés da sua proprietária branca. Nunca lutou pela liberdade ou pelo seu país. Sempre quis ser um bom nobre branco. Em 1989, o papa João Paulo II beatificou Pierre Toussaint. Entre um milagrezinho e outro, a sua maior “virtude”, foi a obediência eterna.


 - Martinho Lutero alertou sobre os milhões de diabos seguidores da seita de Maomé. / Santo Obama também avisou, e logo tratou de tomar providências: bombas de fósforo; bombas de urânio empobrecido; bombas GBU-39; Explosivos DIME; aviões F-16 e míssil Spike foram algumas ferramentas usadas este ano para exorcizar qualquer corpo possuído por seres malignos, desses que usam turbantes e barbas enormes.


 - Mas também temos santos entre os muçulmanos, como aqueles reis do deserto e xeques árabes que inundam o Ocidente com petróleo e são insistentes compradores de armas americanas. / Como também foi santo o invisível Bin Laden, na caçada aos comunistas da década de 70. Mas como não se precisa mais de seus serviços, hoje não passa de um príncipe das trevas.


 - Se falarmos de América Latina, meu Deus do céu, a diabada tá solta. Evo, Chávez, Correa, Lugo, e por aí vai. O capeta Chávez acabou com o analfabetismo na Venezuela, implantou a reforma agrária, aumentou o consumo de alimentos entre os pobres em 170%, venceu 14 eleições (entre eleições presidenciais, referendo e plebiscitos), reduziu a miséria de 19% para 7%, etc. Coisas que qualquer diabo sabe fazer. / Mas para nossa sorte, temos santos latino-americanos também. Santo Uribe, presidente da Colômbia, não fez reforma agrária, não acabou com o analfabetismo, não reduziu a pobreza e prefere permanecer com a guerra civil. Pra que liquidar o tráfico de drogas? O que os narizes estadunidenses e europeus vão cheirar na sexta à noite? Se acabar, onde o nosso santo vai explicar toda a omissão em relação às políticas sociais?


 Os santos e os diabos estão soltos por aí, desafiando a História e o Tempo. Mas cuidado, pois eles trocam de máscaras sempre que podem.


Felipe Liberal


 

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